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PS questiona Governo sobre apoios a canhões anti-granizo nas regiões vulneráveis
30 JUNHO 2023

PS questiona Governo sobre apoios a canhões anti-granizo nas regiões vulneráveis

Os deputados socialistas de Viseu, Vila Real, Bragança e Castelo Branco questionaram o Governo sobre apoios a colocação de sistemas antigranizo nas regiões mais vulneráveis ao fenómeno, informou hoje o PS.

 

Assunto: Apoio à instalação de canhões anti granizo

                             Destinatário: Ministra da Agricultura e da Alimentação

                             Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República

 

Os concelhos de Armamar, Moimenta da Beira e Tarouca representam uma superfície agrícola útil de aproximadamente 12300 ha, correspondendo a cerca de 3500 agricultores. Dentro desta classe de culturas destacam-se os frutos frescos que ocupam cerca de 40% da área, bem como a vinha com aproximadamente a mesma percentagem, o olival representa 15% e o restante de outras culturas, nomeadamente alguma área de citrinos e de frutos secos.

Dentro dos frutos frescos o predomínio é da cultura da macieira, que representa 50% do mercado nacional.

Os produtores de maçã e frutos frescos, da região de Moimenta da Beira e Armamar foram dos primeiros a criar associações de fruticultores, bem como na implementação de modos de produção sustentáveis, cada vez mais evoluídos e amigos do ambiente, e na certificação dos seus produtos.

Por sua vez, a região de Trás-os-Montes - Alto Douro e vários Concelhos do distrito de Bragança, com elevada produção na vinha e produtos frutícolas e a região da Cova da Beira cuja fileira da cereja é a mais rentável da fruticultura da Região, tornando-se desta forma, produtos agrícolas, da maior relevância ao mercado nacional e internacional.

Os agricultores, das regiões supracitadas, sempre primaram por terem produtos de excelência estando em constante modernização e atualização das melhores práticas e técnicas de produção.

As intempéries, nomeadamente o granizo, tem sido a causa de elevados prejuízos de milhões de euros, nestas regiões, por danos e perdas designadamente, grandes e bruscas quedas de granizo, originando avultadíssimos prejuízos em muitas culturas, com destaque danoso nas vinhas e frutícolas. E,na sequência das condições climatéricas adversas, vividas nas últimas semanas, nomeadamente as chuvas e granizos, estimam-se, por exemplo, que na região da Cova da Beira, as perdas situam-se na ordem dos 70% de produção, nalgumas freguesias perto dos 90%, não havendo memória recente de uma campanha tão nefasta. Os prejuízos são transversais às diferentes variedades de cereja e às áreas geográficas de produção, nomeadamente nos concelhos do Fundão e da Covilhã, onde há produção em terreno plano e em socalcos.

Para combaterem as consequências das quedas de granizo, às produções agrícolas, as associações de Fruticultores de Armamar e Moimenta da Beira tem agora uma nova arma contra o granizo, que nos últimos anos tem causado elevados estragos nos pomares dos concelhos conhecidos por serem a região da melhor maçã de montanha. Para evitar que o cenário se repita nas próximas colheitas, foram instalados canhões antigranizo. O projeto orçado em cerca de dois milhões de euros é da responsabilidade da Cooperativa Agrícola e da Associação de Fruticultores de Armamare da Associação de Fruticultores de Moimenta da Beira que tem mais de 200 associados, que produzem cerca de 80 mil toneladas de maçã num ano.

O canhão anti granizo é um dispositivo que interrompe a formação do granizo, por ondas de choque. Uma mistura explosiva de oxigénio e gás acetileno é inflamado na câmara inferior do aparelho. À medida que a explosão passa através da garganta e para dentro do cone, desenvolve uma onda de choque, que em seguida se desloca à velocidade do som, atingindo rapidamente as camadas mais altas da atmosfera, zona onde se forma o granizo, interrompendo assim a sua formação.

Em França e em Espanha os canhões antigranizo já são muito utilizados no mundo agrícola. Em Portugal, segundo a associação de produtores este é o maior projeto do género.

Os fruticultores de Armamar e Moimenta da Beira já passaram pelo país vizinho para ver o sistema a trabalhar e só ouviram elogios dos homólogos espanhóis. Segundo os testemunhos dos agricultores congéneres após a instalação dos canhões, o granizo deixou de os incomodar e de lhes causar prejuizões nas suas culturas.

Foram submetidos pareceres à Agência Portuguesa do Ambiente e Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e todos esses pareceres foram favoráveis. Em suma, o sistema não acarreta qualquer problema ambiental, nem para humanos, nem para os animais. Depois dos canhões anti granizo estarem em funcionamento, já foi possível verificar a sua eficácia. Nas zonas abrangidas pelos equipamentos, as culturas não foram destruídas pelo granizo, ao contrário das zonas não protegidas, o que pode ser verificado no terreno e testemunhado pelos agricultores. A prova disso é a intenção de vários agricultores, de várias regiões do país, afetados por este fenómeno, estarem a visitar a região e a manifestar interesse na instalação destes dispositivos nas suas regiões.

Para comprar os canhões, as duas organizações de produtores tiveram que recorrer a um empréstimo bancário e cada fruticultor terá que pagar entre 150 a 200 euros por hectare. Considerando, os avultados prejuízos na sequência das recentes quedas de granizo, que se consubstanciaram em prejuízos avultados para os agricultores e nos bons resultados obtidos resultantes da instalação de canhões anti granizo, na região de Moimenta da Beira e Armamar.

Assim perguntamos:

 

  1. Face às intempéries de granizo ocorridas nos últimos tempos, está a Sra. Ministra disponível à criação de um aviso piloto, medida específica no âmbito do PEPAC, que permita apresentar candidaturas exclusivamente para financiar, em zonas a definir, com critérios bem definidos, a colocação de sistemas anti granizo nas regiões mais vulneráveis a este fenómeno climatérico, violento e cada vez mais frequente, nomeadamente nas regiões de Viseu, Vila Real, Bragança e Castelo Branco?